TRICÔ FEITO POR HOMENS NO PRESÍDIO DE JUÍZ DE FORA – MG

PROJETO FLOR DE LÓTUS

Raquell Guimarães é estilista e fundadora da grife Doisélles. A marca foi desenvolvida para resgatar o valor do produto feito a mão e associar as técnicas milenares de tricô e crochê a moda contemporânea.

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Com a escala de produção muito grande Raquell começou a ter dificuldades com os prazos de entrega, pois só tinha ajuda de sua mãe e algumas vizinhas que sabiam as técnicas mas não tinham o tempo necessário para a produção. Então surgiu a necessidade de ter um grupo de pessoas dedicadas, que precisavam e buscavam por uma nova profissão.

A solução foi procurar a Comissão de Direitos Humanos e o Serviço Social da Câmara dos Vereadores de Juiz de Fora, para que indicassem uma comunidade que tivesse necessidade de desenvolvimento.

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Assim, começou o projeto Flor de Lótus, na Penitenciária Professor  Ariosvaldo de Campos Pires.

Raquel conta que:

Num primeiro contato com a direção da penitenciária, fomos encorajados a realizar alguns testes com a mão-de-obra masculina para o trabalho. Estranhei a proposta por nunca na vida ter visto um homem fazer tricô e crochê, mas eu estava ali para ver coisas que nunca vi na vida. Tivemos o contato direto com os presos para a seleção inicial. O primeiro contato deles com as agulhas seria algo que beirava o impossível, um desconforto geral entre homem e ferramenta. Mas nada é mais impressionante do que a FORÇA DE VONTADE. Nada é mais forte que o DESEJO de reverter uma condição. Nada é mais bonito do que provar que tudo é possível.

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Vestidos, camisas e casacos são algumas das peças que compõem as coleções da marca. Esses itens são vendidos aqui no Brasil mas também já foram para São Francisco, Nova York e Tóquio.

O projeto, tem um destaque tão positivo que já foi mencionado em uma reportagem do jornal britânico The Guardian e foi tema de  ensaio fotográfico da agência Reuters.

Sensacional né? São projetos como esse que nos mostram a importância e o poder que o tricô e o artesanato de modo geral tem de transformar a vida de muitas pessoas e além disso nos possibilita ter uma fonte de inspiração para projetos pessoais.

O projeto foi concebido e justificado dentro da Lei de Execução Penal (LEP – Lei nº 7.210/84: art 28) que diz: “O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva”. Afinal, este micro-sistema de poder e sujeição, como explica Foucault, também se submete aos elevados ditames constitucionais. E a Constituição da República é suficientemente clara quando inaugura o Título I, referente aos Princípios Fundamentais, enunciando que o Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamento a dignidade da pessoa humana, dentre outros (art. 1º, III). Além disso, este generoso e imenso continente chamado Brasil ainda estabelece em sua Lei Maior que constitui seu objetivo fundamental construir uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, I).

Parabéns Raquell e a todos os envolvidos no Flor de Lótus!

Fonte: http://www.doiselles.com.br/

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